A situação da dívida pública na saúde, a qual se manteve controlada nos anos de intervenção pelo programa troika, parece ter sofrido um revés e regressado à tendência de aumento da dívida do Estado à indústria farmacêutica.
Com efeito nos primeiros dois meses do ano o aumento da dívida obrigou a uma reunião do Ministro da Saúde com representantes da indústria farmacêutica, para negociar a dívida. Segundo publicações da DGO as dívidas dos hospitais públicos às empresas farmacêuticas têm aumentado todos os meses, mesmo depois do pagamento extraordinário feito pelo governo, em Dezembro, sendo que o PSD e CDS-PP já pediram audições no Parlamento para esclarecer o porquê da derrapagem constante.
O certo é que a dívida voltou a subir em janeiro e fevereiro, isto, depois de ter chegado a 926,6 milhões de euros, em novembro. Segundo dados da Apifarma — Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica, a dívida total derrapou 8,3% nos dois primeiros meses do ano, enquanto a dívida vencida cresceu a um ritmo quase duplo, de 15,4%.Em valor, a dívida total reforçou-se em 64,7 milhões de euros e a dívida vencida ainda acumulou mais, 80,1 milhões de euros.
Em termos homólogos (face a igual mês do ano anterior), a dívida total cresceu 15,2% em fevereiro, enquanto a dívida vencida subiu 43,3%. Em reacção, os partidos da oposição já pediram esclarecimentos na Assembleia da República, a serem prestados na comissão parlamentar da Saúde. O CDS-PP pediu para serem ouvidas a Apifarma e, também, a Apormed — Associação Portuguesa das Empresas de Dispositivos Médicos, defendendo ser "fundamental que não se comprometa a prestação de cuidados de saúde, a qualidade e a sustentabilidade do SNS [Serviço Nacional de Saúde]".